terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Whiplash – Em Busca da Perfeição


Até onde você iria para chegar ao topo de algo? Há pessoas que iriam até onde seus limites suportassem, outras talvez voltariam no meio do caminho em meio às dificuldades e outras não mediriam esforços, limites e nem riscos para chegar a qualquer preço ao destino desejado.

Esta reflexão é muito bem trabalhada no filme Whiplash – Em Busca da Perfeição. Dirigido por Damien Chazelle, este drama narra a vida de um garoto de 19 anos, Andrew Neiman (Miles Teller), que almeja ser um grande e destacado baterista. Sua vida muda completamente quando ele se apresenta para o extremamente exigente e rígido professor Terrence Fletcher (J. K. Simmons), que reconhece o talento de Neiman – ao vê-lo tocar bateria – e o chama para fazer parte de uma das bandas de jazz de maior prestígio em Nova York, formada apenas pelos melhores alunos de música.

A partir de então, o jovem baterista começa a desenvolver uma obsessão em se tornar o melhor, abdicando de namorada, amigos, família e lazer, em troca de incontáveis horas de ensaio e com um desgaste físico tal que quase sempre chegava a provocar sangramento em suas mãos, de tanto tocar bateria. Essa obsessão é ainda mais fomentada pelo professor de Newman, que o desafia o tempo todo com críticas e provocações fortemente humilhantes, com o intuito de despertar no garoto um desejo incontrolável de se superar cada vez mais.

Alguns alunos de Fletcher, inclusive, não aguentam as provocações e não seguram as lágrimas na frente dele. Porém, o alvo preferido do professor era Newman, que, ao contrário dos demais alunos, também desafiava Fletcher, que via tal comportamento como algo positivo, deixando patente a obsessão do garoto em ser o melhor, não importando que riscos teria de correr para tal.

Essa espécie de “rivalidade” presente entre aluno e professor leva o público a alguns questionamentos: Até que ponto devemos nos arriscar para nos destacarmos? Fletcher quase nunca tecia elogios aos seus alunos, sob a alegação de que o elogio estraga o ser humano, permitindo que se ele se acomode numa determinada posição, enquanto poderia chegar ainda mais longe. Até que ponto tal afirmação é verdadeira? Será que para nos destacarmos precisamos realmente nos submeter às piores críticas e humilhações, para assim sentirmos maior vontade de nos superarmos, ou isso pode acabar nos levando à desistência de vez?

Todas estas questões ficam implícitas neste longa, cujos atores J. K. Simmons e Miles Teller atuam em conjunção perfeita para trazer todo o dramatismo e tensão às cenas, realmente brilhantes. Whiplash – Em Busca da Perfeição concorre ao Oscar 2015 em cinco indicações, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (J. K. Simmons).

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

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