segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Gravidade


Poucas palavras e muita respiração ofegante. É praticamente esta a sonoridade presente em Gravidade, produção de apenas 90 minutos que consegue paralisar os olhos dos espectadores em função de um suspense muito bem trabalhado cujo cenário é o espaço sideral.

A trama envolve a experiência traumática vivida pelos astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock), que é médica, e Kowaslki (George Clooney) que, enquanto tentam consertar um ônibus espacial pelo lado de fora, são notificados pela Nasa que pedaços de satélite estão vindo em suas direções.

Segundos após o alerta, o ônibus é destruído pelos destroços de satélites e, de todos os tripulantes presentes, apenas o experiente Kowaslki e Ryan, novata em conhecimentos espaciais, sobrevivem ao acidente e ficam dispersos pelo espaço, sem nenhum contato com a Terra. Para desespero ainda maior de Stone, ela acaba se distanciando de seu único companheiro sobrevivente e, com apenas as instruções dadas por ele – já que ela quase não possui noção do que fazer no espaço, especialmente em tal situação – ela precisa encontrar outra estação espacial para entrar numa cápsula de fuga e se deslocar para a Terra, momento em que o suspense toma conta dos telões, pois se inicia uma tentativa desesperada de Stone de conseguir uma cápsula para tal objetivo.

Praticamente todo o filme é preenchido pelos diversos obstáculos que ela enfrenta, como a dificuldade de respirar, os pedaços de satélites e meteoritos que ela encontra em seu caminho e o próprio desconhecimento espacial que atrapalha e muito seu possível retorno ao planeta, tornando a falta de gravidade apenas um mero incômodo, se comparado aos outros problemas.

Uma sucessão de cenas gravadas em plano fechado confere ao espectador o mesmo ponto de vista do personagem que, dentro de sua roupa de astronauta, mal consegue enxergar o que está ao redor e mantém uma respiração ofegante, em razão da pouca quantidade de oxigênio disponível. A quase inexistência de planos abertos, que propiciam a totalidade visual da cena – com algumas exceções como no momento em que os personagens se veem diante do planeta Terra – ajuda a tirar o ar não só dos personagens como do público, que também não consegue ter a visão completa sobre o que acontecerá com a Dra. Stone e qual será seu desfecho.

A produção vem arrancando aplausos de público e de crítica e já é considerada uma das favoritas ao Oscar 2014. O filme vem ganhando tamanho destaque principalmente por trabalhar os recursos cinematográficos de modo a produzir a sensação mais realística possível entre o homem e o espaço. Trata-se praticamente de 90 minutos de suspense congelante, resultado dos efeitos gerados pelos inúmeros closers e primeiros planos que procuram focar o rosto apavorado de Stone.   

Há quem já tenha correlacionado esta produção com a grandiosa 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, apesar de ambas as tramas terem apenas em comum o aspecto cenográfico do homem no espaço, já que Kubrick faz um espetacular trabalho artístico voltado à evolução humana, enquanto que Alfonso Cuarón, diretor de Gravidade, ressalta a relação homem /espaço sideral.

De qualquer forma, Gravidade é de arrancar aplausos, mas pode surpreender na noite do Oscar, já que o filme não preenche todos os requisitos cinematográficos que são considerados na avaliação do prêmio Melhor Filme, por exemplo, por focar-se principalmente apenas nos efeitos especiais e no trabalho de câmeras e planos sequenciais que denotam o suspense ao filme, sem ser preenchido por um contexto histórico.

A trama ainda concorre ao Globo de Ouro em categorias como Melhor Filme, Melhor Atriz (Sandra Bullock) e Melhor Diretor (Alfonso Cuarón). 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

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