Poucas palavras e muita
respiração ofegante. É praticamente esta a sonoridade presente em Gravidade, produção de apenas 90 minutos
que consegue paralisar os olhos dos espectadores em função de um suspense muito
bem trabalhado cujo cenário é
o espaço sideral.
A trama envolve a
experiência traumática vivida pelos astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock),
que é médica, e Kowaslki (George Clooney) que, enquanto tentam consertar um
ônibus espacial pelo lado de fora, são notificados pela Nasa que pedaços de
satélite estão vindo em suas direções.
Segundos após o alerta, o ônibus é destruído pelos destroços de
satélites e, de todos os tripulantes presentes, apenas o experiente Kowaslki e Ryan, novata em conhecimentos espaciais, sobrevivem ao acidente e
ficam dispersos pelo espaço, sem nenhum contato com a Terra. Para desespero
ainda maior de Stone, ela acaba se distanciando de seu único companheiro
sobrevivente e, com apenas as instruções dadas por ele – já que ela quase não
possui noção do que fazer no espaço, especialmente em tal situação – ela
precisa encontrar outra estação espacial para entrar numa cápsula de fuga e se
deslocar para a Terra, momento em que o suspense toma conta dos telões, pois se
inicia uma tentativa desesperada de Stone de conseguir uma cápsula para tal
objetivo.
Praticamente todo o filme é preenchido pelos diversos obstáculos que ela
enfrenta, como a dificuldade de respirar, os pedaços de satélites e meteoritos
que ela encontra em seu caminho e o próprio desconhecimento espacial que
atrapalha e muito seu possível retorno ao planeta, tornando a falta de
gravidade apenas um mero incômodo, se comparado aos outros problemas.
Uma sucessão de cenas gravadas em plano fechado confere ao espectador o
mesmo ponto de vista do personagem que, dentro de sua roupa de astronauta, mal
consegue enxergar o que está ao redor e mantém uma respiração ofegante, em
razão da pouca quantidade de oxigênio disponível. A quase inexistência de planos
abertos, que propiciam a totalidade visual da cena – com algumas exceções como
no momento em que os personagens se veem diante do planeta Terra – ajuda a
tirar o ar não só dos personagens como do público, que também não consegue ter
a visão completa sobre o que acontecerá com a Dra. Stone e qual será seu
desfecho.
A produção vem
arrancando aplausos de público e de crítica e já é considerada uma das favoritas
ao Oscar 2014. O filme vem ganhando tamanho destaque principalmente por
trabalhar os recursos cinematográficos de modo a produzir a sensação mais
realística possível entre o homem e o espaço. Trata-se praticamente de 90
minutos de suspense congelante, resultado dos efeitos gerados pelos inúmeros closers e primeiros planos que procuram
focar o rosto apavorado
de Stone.
Há quem já tenha correlacionado
esta produção com a grandiosa 2001 – Uma
Odisseia no Espaço,
de Stanley Kubrick, apesar de ambas as tramas terem apenas em comum o aspecto
cenográfico do homem no espaço, já que Kubrick faz um espetacular trabalho
artístico voltado à evolução humana, enquanto que Alfonso Cuarón, diretor de Gravidade, ressalta a relação homem /espaço
sideral.
De qualquer forma, Gravidade é
de arrancar aplausos, mas pode surpreender na noite do Oscar, já que o filme
não preenche todos os requisitos cinematográficos que são considerados na
avaliação do prêmio Melhor Filme, por exemplo, por focar-se principalmente
apenas nos efeitos especiais e no trabalho de câmeras e planos sequenciais que
denotam o suspense ao filme, sem ser preenchido por um contexto histórico.
A trama ainda concorre
ao Globo de Ouro em categorias como Melhor Filme, Melhor Atriz (Sandra Bullock)
e Melhor Diretor (Alfonso Cuarón).
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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