domingo, 8 de fevereiro de 2015

A Teoria de Tudo


Desde os primórdios da humanidade o homem tenta entender a origem do universo, buscando comprovações que possam explicar nossa existência e tudo o que nos envolve. Até o momento, a teoria mais aceita pela comunidade científica é a Teoria do Big Bang – anunciada pelo cientista russo George Gamow (1904 – 1968) e pelo padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894 – 1966) – que afirma que o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica (liberação de energia, criando o espaço-tempo) há cerca de 10 ou 20 bilhões de anos.

São incontáveis os números de estudiosos que se desdobraram e se desdobram sob esta teoria em busca de novas revelações. Entre eles um dos mais consagrados cientistas da atualidade, o inglês Stephen William Hawking. Nascido em Oxford, no ano de 1942, Hawking, atualmente com 73 anos, é físico teórico e cosmólogo que ficou conhecido no mundo todo pelo seu extenso trabalho sobre as leis básicas que governam o universo. Autor do livro Uma Breve História do Tempo, ele afirmou há pouco tempo que uma nova teoria sobre a origem de tudo está chegando.

Conhecida como A Teoria de Tudo, esta teoria virou nome do filme que chegou recentemente nos telões narrando a vida de Stephen Hawking e que concorre a cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator (Eddie Redmayne) e Melhor Atriz (Felicity Jones). No longa, o público conhece o lado mais pessoal de Hawking (Eddie Redmayne) desde o período em que ele é um estudante da Universidade de Cambridge, onde ele conhece uma estudante de poesia ibérica chamada Jane (Felicity Jones), que também demonstra interesse por ele.

A vivência deste amor é colocada à prova quando o físico descobre sofrer de uma rara doença degenerativa motora, que culminaria em sua morte dentro de dois anos. Mesmo assim, Jane se dispõe a encarar tamanho desafio e assume um namoro com ele, com quem posteriormente se casa e tem filhos saudáveis. Passam-se mais de dois anos e Hawking percebe o engano do médico, pois continua vivo, porém sua doença se agrava cada vez mais, de modo que ele vai perdendo todo o movimento do corpo gradativamente, até o período em que ele mexe apenas os olhos e passa a se comunicar com os demais por meio de um sintetizador de voz.

Com direção de James March e baseado no livro homônimo da ex-esposa de Hawking, Jane, A Teoria de Tudo ganha uma visão muito mais suavizada e romântica do que foi a relação do físico com sua ex-mulher – focando quase que inteiramente nisto – sem dar muita abertura aos espectadores para conhecerem melhor o lado intelectual do físico e suas descobertas.

Mas o prisma escolhido para contar a vida do físico é forte o suficiente para encher a plateia de lágrimas. Além do excelente roteiro, as atuações dignas de Oscar tanto de Redmayne quanto de Felicity são de congelar os olhos. O ator que encara o protagonista não interpreta Hawking, ele vive Hawking, o que é perceptível em seu comportamento, em sua respiração, em seu olhar e nas poucas cenas nas quais ele defende sua teoria, demonstrando real compreensão do que seu personagem fala e não uma simples decoreba, o que certamente desviaria a atenção do público.

Felicity também se revela incrível, conseguindo transmitir perfeitamente a dura missão de uma mulher que, além de cuidar da casa, dos estudos e dos filhos, precisa dedicar-se em tempo integral ao marido à medida que ele vai ficando completamente paralisado. Ela ainda se vê num imbróglio quando conhece um músico (Charlie Cox), que balança seu coração.

A Teoria de Tudo é um filme que comove muito mais pelos gestos, silêncio e olhares dos personagens do que pelas próprias palavras, como em uma das cenas na qual o físico se arrasta pelas escadas de sua casa por não conseguir andar e troca olhares com seu filho, ainda bebê, como se ele estivesse voltando a ser uma criança que ainda mal consegue falar.  

Por Mariana da Cruz Mascarenhas


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