Vencedor do Globo de
Ouro 2015 nas categorias Melhor Filme – Drama, Melhor Diretor (Richard
Linklater) e Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette), o longa Boyhood – da Infância
à Juventude foi destaque na noite das premiações
classificadas pela imprensa de mídia estrangeira baseada em Los Angeles.
O filme apresenta-se como um potencial candidato para
a maior festa do cinema norte-americano, o Oscar, concorrendo em seis
indicações, entre elas Melhor Filme.
Boyhood
narra
a história de um garoto chamado Mason (Ellar Coltrane) – passando pela sua
infância, adolescência e juventude – focando em todas as dificuldades e
questionamentos enfrentados por ele em cada fase de sua vida até o momento de
sua independência. Além das crises de identidade,
naturais no período de seu crescimento, o garoto ainda enfrenta momentos
difíceis por ter de mudar de residência constantemente, juntamente com sua irmã
(Lorelei Linklater) e a mãe divorciada (Patricia Arquette), que parece não ter
sorte com homens – como é o caso de um dos padrastos alcoólatra de Mason, que
demonstra não gostar do menino e ainda agride a mãe dele.
Até ai, o público se
depara nos telões com uma história que, seja em sua totalidade ou parcialmente, faz parte da realidade de muitas famílias
espalhadas pelo mundo. Todavia, esta trama acaba se diferenciando das demais
que se destinam a narrar histórias familiares similares à vida real, já que
Ellar Coltrane, assim como os demais integrantes do elenco, não se reveza com outro
ator para interpretar o personagem em fases tão diferentes. Coltrane também não
precisou “diminuir” ou “se esticar” graças a algum efeito especial
cinematográfico para encarar o Mason criança e jovem:
o diretor optou por rodar este filme durante 12 anos.
A ideia foi justamente
acompanhar o crescimento e amadurecimento de cada artista do elenco, de modo
que a trama pudesse se aproximar ainda mais da realidade. Desta forma, entre
2002 e 2013, os atores se reuniram alguns dias por ano para a gravação das
cenas. A proposta deu certo, afinal todos tiveram um excelente desempenho em
cena e não saíram de seus personagens, mas sim amadureceram junto com eles,
proporcionando maior realismo e empatia no público da trama.
Vale destacar a atuação
de Coltrane, que encarou os desafios de seu personagem enquanto criança –
tentando descobrir a vida e ao mesmo tempo lidando com o divórcio dos pais e
outras mudanças – e adolescência – revelando-se um garoto bem mais introvertido
e observador – com grande naturalidade.
Porém, mesmo com a
excelente atuação do elenco em geral, só é perceptível o quanto a ideia do
diretor foi válida se assistirmos ao longa sem nos esquecermos de que se trata
dos mesmos atores durante toda a produção, caso contrário, nada que uma trama
composta por bons atores revezando os papéis de seus respectivos personagens
não contribuísse para também trazer um bom toque de realismo às cenas.
Boyhood
foi
sucesso entre os norte-americanos, principalmente, em razão da empatia gerada
no público e pela forma como nos prende a atenção, todavia pode não ser
destaque na noite do Oscar, pois, por mais que venha com elenco, direção e
roteiro bons, não chega a ser excepcional em nenhuma destas categorias.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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